45 – Normalidade! A
volta da calma!
Quando Chopper
voltou à enfermaria e não viu a sua paciente ficou completamente chateado.
Cátia ainda não podia andar por aí como quisesse mas a rapariga insistia em
desobedecer às ordens do médico.
Na verdade ser trespassada
por uma katana amaldiçoada não era exatamente confortável e a aluna de história
percebia isso agora. Cada passo que dava era como um espinho a cravar-se na
ferida.
Seguindo o caminho
que Sanji indicara Cátia chega à parte de trás do ginásio da escola. Raramente
ia lá alguém por isso era perfeito para quem queria estar sozinho.
Roronoa Zoro
encontrava-se a treinar. Erguia pesos com um só braço, que pareciam ter 500kg,
como se fossem feitos de algodão. A rapariga observou por algum tempo boquiaberta
até que decidiu chamar a atenção para a sua presença.
Após tossir um pouco
o professor olha para ela perdendo toda concentração e deixando cair os pesos
com um estrondo. Eles encaram-se por momentos.
- Desculpe sensei,
será que podemos falar?
O homem consente
pegando uma toalha para limpar o suor.
Os dois sentam-se
num banco lá perto.
- Estás bem? –
Pergunta Zoro espantando a aluna com aquela reacção repentina.
- Já estive melhor
mas nada que não passe. E o sensei?
- O quê?
- Não quero que se
sinta culpado nem nada disso.
- O Luffy é que não
vai gostar de saber.
A conversa morre
ali. Nenhum dos dois sabia mais o que dizer para quebrar aquele clima.
A brisa fresca da
tarde passava por eles trazendo o cheiro da erva e flores do jardim e
consequentemente do sangue.
Zoro olha para a
ligadura alojada na cintura de Cátia por segundos. Era possível ver o tecido
médico pois Chopper cortara a camisola até metade.
- Dói?
A rapariga acena
negativamente. Na verdade doía, doía muito. Ainda podia sentir o aço entrar na
sua carne mas nunca iria dizer isso alto. Queria perguntar o porquê do
professor ter gritado desesperadamente quando a feriu mas as palavras
simplesmente não saíam. E a situação estava a tornar-se estranha.
Enquanto isso o professor
também estava envolvido nos seus próprios devaneios. Tentava desviar o olhar
para qualquer lado mas acabava sempre encarando aqueles desenhos azuis na pela
da sua aluna.
- Algo errado
sensei? – Zoro quase salta do banco ao ouvir a voz feminina ao seu lado. Fora
descoberto.
- Hum, nada. O
Chopper sabe que estás aqui?
Pela reacção da
rapariga percebeu que não. Com certeza que a rena estaria furiosa. Ao mesmo
tempo conseguiu desviar o assunto para não precisar de se justificar.
- Devias voltar para
a enfermaria.
- Suponho que tenha
razão. Nem parecemos nós.
O espadachim ergue o
sobrolho perante aquela afirmação seguida de uma risada:
- O que queres
dizer?
- Normalmente
estamos sempre a discutir e a encarar-nos. É a primeira vez que nos sentamos a
conversar.
- Preferes que
estejamos a discutir?
- Acho que não.
- Achas?
Cátia estava para
responder mas reparou que a resposta que estava prestes a dar poderia ser mal
interpretada. Reorganizando as ideias, ia já para abrir a boca quando é erguida
do banco e jogada num ombro felpudo como um saco de batatas, porém gentilmente.
Não foi preciso
perguntar para perceber quem a carregava.
- Eu não te mandei
repousar?! – Repreende Chopper olhando a rapariga por cima do ombro. – E tu
Zoro, não devias incentivá-la. Tu és um professor!
E com isto o médico
retira-se deixando o professor de educação física para trás com uma expressão
confusa e a pensar em tudo o que acontecera.
***
Ana perdera a conta
do tempo que ficara trancada na sala de professores a ouvir as
recomendações/sermão de Nami. Sabia perfeitamente que não poderia criar mais
conflitos e para piorar Kid não parava de lhe enviar mensagens para o
telemóvel.
Assim que saiu deu
logo de caras com Sanji que se encontrava encostado à parede a fumar um
cigarro. Deveria ter ficado lá à sua espera.
Ignorando o
cozinheiro a aluna passa por ele em direção ao dormitório.
- Ana.
A voz cortante faz a
rapariga parar no meio do corredor. Parecia que o professor também não estava a
gostar da atitude da sua aluna.
- Percebo que
estejas magoada mas não achas que devias pelo menos olhar para mim?
O corpo de Ana quase
petrifica. Sanji estava chateado, muito chateado. E a porcaria do telemóvel não
parava de vibrar no seu bolso.
“Maldito ferrinhos!”
- Sensei…
A rapariga é
interrompida pelo cozinheiro ajoelhando-se aos seus pés a chorar. A mascara de
chateado não durava muito em Sanji.
Vendo aquilo nem Ana
conseguiu manter a sua teimosia por muito tempo. Afinal aquele era o seu
sensei.
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